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[20h35 - 04.11.2010]

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Narrativa Ainda Sem Titulo #3

Hora e Dia do Duche: Mensagem de Fora da Casa de Banho

Acompanhei um copo de leite com um qualquer bolo que ele escolheu  para mim.
Não tinha fome.

Não lhe falei. Não conhece a minha voz.
Perguntou-me se tinha fome, não respondi. Simplesmente tirei-lhe o livro da mão. E abri-o.
Tomou o meu gesto como uma resposta afirmativa. Pegou-me pela mão.
Estou sentada numa esplanada.

Por vezes falou, divagou, procurou conhecer-me.
Calou-se e ficou a ver-me comer. E a ler.
Não o ouvi, não queria ouvir o que dizia, não queria ir atrás das palavras dele.

Senti o olhar dele sobre mim, enquanto o meu repousava sobre as páginas do livro aberto.
Senti-o toldar-se, apercebi-me do momento em que a curiosidade dava lugar a algo mais.
Senti-lhe o faro de caçador, senti-me novamente o naco de carne que se faz apetitoso para se dar a provar.

E simplesmente continuei a ler.
Fiz-me vitima da escrita de um qualquer autor de média qualidade que satiriza as caçadas de um homem com fome. Era suposto rir-me com as falhas de um caçador sem caçadeira que busca uma presa fora do alcance.
Aquela é uma senhora livre, sem repressões, capaz de despertar a gula a um macho sem força, fome e paladar. Uma farsa. Senhoras sem repressões são meninas de ruas. E alguma que não seja, será incapaz de matar a fome até a um pobre esfomeado.

- Isso não é um livro para senhoras.

- Porque haveria eu de ser uma senhora?

3 comentários:

  1. Estamos prestes a descobrir um novo talento ;)

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  2. Deixo-me ficar ,mais um pouco...navegando nas tuas palavras encontro em simultâneo a paz e a revolta que trago comigo... um misto de emoções que despertas sem saber, e se as receio sei que também que me fazem sentir viva.

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